domingo, 26 de dezembro de 2010

Felicidade em oferta


As mais belas pessoas que conheço são as que dançam, as que bailam a vida sem lamúrias, sabendo que ser feliz é sim questão opcional.


Quantas vezes você já sorriu para, depois de pouquíssimo tempo, ter a sensação de ter forçado simpatia consigo mesmo em troca do direito de dizer que é feliz?!


O problema não é a alegria descabida marujos!


A vida é muito boa e os sorrisos são sempre a cereja no bolo, tê-los como companhia é sempre recompensador, nem o mais turrão pode desdenhar dessa afirmação.


Mas sorrisos traduzem alegria, sentir-se feliz é algo mais sublime. A alegria é passageira, a felicidade é condutora.


Os mais alegres que conheço vez por outra se dizem infelizes, já os com mais motivos teóricos para sorrir costumam fazer questão de sustentar o tal bico de insatisfação.


Dinheiro, amor, profissão, time de futebol, trabalhos de faculdade...


Não há motivo único que condicione a felicidade de um ser tão complexo quanto o ser humano; nenhuma tabela periódica que descreva os elementos necessários para a fórmula da felicidade: ser humano vai além de fórmulas ou receitas e cada um de nós sabe como isso funciona na prática.


Desse modo até os sorrisos podem não dizer muita coisa ou ao menos não tudo.


O caso é que ainda há quem queira sempre mais e não largue a rapadura até quebrar toda a dentadura, e só ao se olhar no espelho percebe o quanto pôde ser feliz enquanto tinha tudo em mãos para agora só lamentar ter preferido o capricho de se demonstrar feliz aos olhos alheios.


Nessa hora os sorrisos viram a pechincha da felicidade e acabam por dar razão ao ditado que diz que em determinadas ofertas o barato pode sair bem caro...




sábado, 20 de novembro de 2010

Apertem os cintos o piloto quase sumiu!


Na tripulação do AeroCaxola só se dá bem quem não amola...


Só senti a vida chegar realmente quando percebi os detalhes dos meus desejos.


Antes disso, só um piloto automático ligado nos 220 e etilicamente incapaz da condução do AeroCaxola.


No painel de controle, muitos botões, mas só os do “foda-se” e o do “deixa passar” continuavam acionados pelo desleixo do capitão displicente.


Mas se liga tripulação!


Era tudo alegria, mas não era tudo nosso...


Muita farra gera muita turbulência e como a legião de bicudos sempre fez questão de alarmar, algo poderia sair do controle a qualquer momento.


Como se fosse detalhe banal do plano de vôo, o cotovelo no manche não tardou a esbarrar em toda aquela variedade de botões.


Em pouco tempo e em meio a tantas luzes e cores diferentes, o que predominava ao olhos do controle era o vermelho-alerta a piscar sobre a imensa paleta do painel.


Como o desespero faz parte de quem não se sente preparado todos os ocupantes se puseram a garantir a sua segurança entre os assentos.


O Responsável passava garantia a máscara de gás, precavendo-se assim de maiores problemas, já Sra. Enxaqueca e sua característca tensão bolavam teorias sobre a má vontade alheia em parceria com Tony Ranzinza, seu fiel escudeiro de sangue latino.


Todos buscavam seu espaço e vez por outra assumiam o comando da algazarra na cabine do piloto.


Enquanto isso o comandante apenas vagava a cantarolar, observando cada um dos tipos que por tanto tempo conduzira aos céus sem saber ao certo os limites e desejos de cada um.


Inocentes como o menino que acreditava na vida de seu pingüim de pelúcia até a fúria sem causa de cada um dos da gangue de moicanos que anarquizavam ainda mais os corredores tomados pelo fuzuê a 9 mil pés.


Foi junto com o fim de sua fiel garrafa que Capitão teve a visão dos fatos simplificada; tudo ali precisava de um comando e todos desejam voz ouvida em decisões de futuras rotas.


Maneirar na lisergia poderia ser chato, mas era preciso voltar à cabine naquele momento, deixar a zona arrumadinha e ter histórias mais proveitosas a se contar nas próximas aterrissagens.



Capitão que se preze navega sozinho, mas não abandona o barco, avião, charrete, patinete...

www.aerocaxola.blogspot.com

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sem gelo, por favor

Apague o cigarro, pare um minuto de criticar a roupa da colega de sala ou simplesmente tente entender por boa vontade.


Depois de chegar nos 20 e poucos anos as coisas ficam bem diferentes .


Os ensinamentos da adolescência junto à rotina das responsabilidades parecem nos jogar nas velhas forminhas de gelo guardadas em qualquer congelador que se preze; para sair só com um baita choque térmico e um tremendo susto nas estruturas.


Tudo soa tão frio e encaixado que qualquer possibilidade de participar de um belo e saboroso drink é trocada pela afável companhia dos cubinhos ajeitados.


Oka, oka, a vida cobra algumas mudanças e não dá para sustentar por muito tempo a atitude róqui in roul que enfeita os bons tempos de despreocupação e que faz de cada um de nós um James Dean em potencial.



Mas péra lá! O day after da alegria total tem de ser sempre a ressaca moral?!



As pessoas que vejo hoje são bem diferentes daquelas que conheci em tempos menos responsáveis.


Em algum ponto dessa história foram tomadas pelos pudores, expectativas e comportamentos impostos por quem acha que padronizar é sempre a saída. Em alguma encruzilhada da caminhada se tornaram apenas mais um despachinho nesse mundo cão, tão pálidos que nem Exú aceita!


O lero da revoltinha contra o sistema e o clássico “vâmo botá pra fudê” sempre vão fazer parte da minha retórica retrógrada, mas não falo disso. Falo basicamente do quão covarde podemos ser.


Já vi nêgo artista trocar o spray pela gravata só pra estar ali no meio da muvuca dos conformados e já vi engravatado brincando de ser puro porque os conformados sempre bancarão desfrutes como esse.



Parou! Parou! Parou! Sacou a piada infame?



Não adianta aceitar o karma, se jogar lá pelos lados dos iceberg´s em busca de trabalho, aceitando gente que acha que entende das complicações de uma vida tipicamente suburbana e brasileira e que tráz consigo soluções interessantes para o bem-estar alheio.


Escrevo e vivo para os meus, por vivência ou coração, e em cada documento maculado aqui no Word tudo que me interessa é dizer que não adianta!


Não é guerra de classes, nem uma cruzada contra os malvados do vintém, a crise toda só começa quando você não se sente bem consigo mesmo e dá o braço a torcer ao que dizem lhe fazer bem.


Afinal, um pouquinho de gelo na forma todo mundo tem, eu, você e o seu patrão também, mas para e pensa no que lhe convém, sem fazer escarcéu e sem limitar o “além”.


Ai sim, depois de ter tempo necessário para reparar nas rimas, e na levada, da vida é que qualquer escolha se tornará a receita do seu drink.


Sem crise hermano, o barco às vezes vira e a maré pode fazer de qualquer canoa furada um iate caprichado, só não se afogue na ideia de que só existe um caminho a seguir.



A fonte que faz o mar grande todo feito para navegar

mesma que entre formas pequenas se permite congelar...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Fábula Incompleta dos 3 atos ( Sarau de bamba)





Balalaica que a outra tá cara,

pinga pura pra matar a cigarra,
que dona formiga ja nao güenta mais!

chamou a joana em confusão com a maria,
decidiu que hoje era seu dia,
e que a grilagem vai ficar pra trás.

pois sexta-feira sua cabeça quer folga,
há muito tempo tal som não lhe empolga
e a cigarrete é que vai ter que pagar!


(eis que a formiga se torna agressiva...)


Corda, cordinha fora da viola
mais uma noite num colchão sem mola
e sem luau pra sua vida cantar,

e tá perdida a mocinha da história,
sem rima, sem riso e glória
mas sua volta ainda quer celebrar

pega espinho pra fazer de tarracha
fruta pequena, nem sempre se encaixa
chama Joaninha que lhe dá uma asa para o sarau recomeçar


( pânico, suspense, medo... )


Vem formiga com cara de brava,

não vem sozinha, traz logo a lagarta
que é boa de briga e adora um agarra!


mas mais que briga adora uma farra;
não resiste, apoia a algarraza e diz que o luau tá ficando é bom
e se Dona Formiga quiser, que cante junto ou escolha o velho edredom!



quantas formigas chatas hoje em dia, não?





quinta-feira, 12 de agosto de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Bombril na antena

Quizumba! Mandinga!

Raspa de chifre de bode? Pedaço de rabo de jumenta?!



Antes do desenrolar das palavras deixo bem claro que não acredito em feitiço, magia, não prático bruxaria e tão pouco boto fé na tal bola de cristal.

Esse papo hipponga de rota marcada, Era de Aquarius e toda aquela pegada Hair revitalizada nos últimos tempos nunca me pegou.

O mundo já possui gurús demais para os hermanos que precisam de um caminho mais lisérgico e menos mundano para se animarem com a vidinha.

Assim no sapatinho, mais preocupado com o almoço que com o destino, é que vou caminhando.


O texto acabaria aqui...


Mas continuo a ouvir o pagodinho que rola no CD e novamente ouço falar de uma tal de faixa amarela.

Inevitavelmente isso me lembra uma das poucas coisas “esotéricas” que habitam minha cabeça bonita e do quanto sou apegado a ela.

Já passou por uma situação em que nada explica a gratuita simpatia a um sorriso?

Na teoria talvez o correto fosse não usar esse verbete por soar contraditoriamente hipponga , mas não consigo achar outra denominação que soe assim tão inexplicável quanto “sintonia”.

Pois é, tá ai uma das coisas que uma porção de fatores genéticos deve facilmente explicar, mas que de modo algum deve carregar o mesmo gosto inebriante em suas equações.

Convivemos por anos com algumas pessoas que nos exigem paciência e cuidados especiais para a manutenção de sua presença em nossas vidas, e assim, por apego ou simplesmente dó, permanecem intactas no carômetro da nossa rotina.

Se sentir em sintonia faz com que tudo isso fique de lado, desimpedindo o caminho para uma troca muito mais sincera, sem rédeas ou preocupada em agradar.

Não que aceite as magias do destino quando assim me convém, só que nos tempinhos modernos de hoje isso já me basta para não correr atrás de explicações.


Tão inexplicável como repetir Hair no seu DVD durante uma tarde inteira...
Falta-lhe palha de aço ou confiar na antena?

terça-feira, 20 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Calma raiva minha, calminha...


Quem muito fala pouco faz, quem muito promete nada pretende e quem muito desconfia...



Por certo tempo insisti na poesia como única forma de sublimar o descontentamento anabolizado com quem não se percebe nesse mundo, algo mudou...


Incrível como hoje tudo se acalmou na raiva.

Se guiar por ela muitas vezes é opção mais atraente que se dedicar a entregar frases floridas a quem veio ao mundo para se esconder.


Dizem que o ódio é o amor que padeceu, mas ainda assim amor, e se esquecem de dizer que há males que vêm para o bem.


Sabe a tal história da máscara que cai em um momento conturbado?!


Pois é, talvez seja o apego que bata rápido em mim e que me cobre forte posteriormente, mas realmente não entendo a maior parte das pessoas.


Os amores, as aceitações, os objetivos, os gostos e o gosto em se propagar gostos são como aramaico para mim.


Falta raiva, falta sinceridade, falta o grito de quem sabe que não sabe viver linha nenhuma sem a interferência do mundo, esse sim doente e padecendo cada vez mais.


Experiências recentes me ensinaram que o tal do “sangue nos zóio” é essencial para se sentir real e que não necessariamente a companhia da agressividade falada é necessária.


Quem está na UTI não ouve.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

De conto em conto...


Em uma dessas noites de discotacagem cada vez mais frequentes e agradáveis o velho Toni fez questão de bradar:


- Eu só queroooooooooooooooooo, dizer que sou sinceroooooooooooo.


E nessa rima fácil o negão poderia já terminar o som que o ad infinitum no meu mp3 estaria garantido.

Pô, precisa dizer mais que isso pra ser poeta?!


Talvez pra enganar um ou outro fosse necessário algo um pouco mais rebuscado que pudesse impressionar no twitter, mas na vida chapa? Na vida ser sincero já o quinhão suficiente pra se viver em paz.


E diga lá Toni , o que mais você tem a dizer?!


- Eu nem sei bem quem eu soooooooooooooou....



No momento, e isso pode mudar já na próxima discotecagem, não consigo lembrar de nada mais proveitoso que a dialética consigo mesmo.


Lobo Mau em um sonho e princípe em outro?


Sem erro, é tudo nosso sem enrosco!

O que interessa é sempre o cavalo branco da sinceridade de aliado e aquela disposição necessária para conquistar a bela princesa, ansiosa na varanda por quem sabe chegar.


Se todo reino fosse feito de gente assim não haveria quem ainda se escondesse no blá blá blá do bobo da corte.


Pequenos que só merecem a frase final do Tornado:



- E eu nem seeeeeeeeeeei, quem você é...



Nessa história toda, de conto em conto se descobre.



" Não há gosto melhor que esse não, porque em um dia eu quero lima e no outro peço limão... "

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Liricando

A moça da Avon?


Uma visita
Sem querer ser vista
Calma, mas não tranquila
Sei que ainda existe sim

Só um lapso de esperança que não buzina

Covarde,
não se atreve ao ding-dong, dong-ding.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ou dirige ou pega carona


- Psiu?! Hey?! Ow?!

- Bibi! Fonfon! Pepê!



Procurar se manter motivado é exercício penoso e pode ser bem desgastante se for algo de que não se esqueça nunca, nessa condição a motivação passa a ser obrigação e vira um pé no saco com coturno.

Andar por ai pensando em como ser feliz ou em como tratar o resto dos humanos burros limitados nada mais é que apenas uma outra rédea que cordialmente aceitamos.

Enfiar o pé na jaca, nas empolgações e palavras, garante muito mais paz que se moldar conforme a visão de indivíduo perfeito que construímos ouvindo os bananas de plantão.


- Ô Zé José acorda ai que esse não é você mermão!


Quem se molda só se acomoda e deixa de crescer naquilo que tem de pior, e que só é descoberto quando os defeitos florescem ou chegam perto disso.

Autoconhecimento não consiste em domar o instinto que carregamos.

Besta triste quem acha que impedir aquela primeira reação após alguma ação seja ser civilizadinho ou o bom moço da história.

Somos o que somos, o estopim de qualquer mudança só pode ser baseado em experimentações reais sem freio de mão puxado no temor de se evitar multas aplicadas pelos senhores do bom senso.

Desta maneira as coisas podem ficar até complicadas para quem só convive com os velhos cordeirinhos sem graça de sempre, mas quem bota o pé na estrada, sem medo de caco de vidro ou de pisar em brasa, sabe do que falo.

Conselho é coisa de quem só quer ser caridoso e a verdade é que no fundo não me faz diferença a opinião de quem ler tudo isso.

Quem já está na estrada fica e quem não está distribui multas.

Tá com pressinha?! Se conseguir passa por cima....


Você me xingando de louco pirado
O mundo girando e a gente parado
Meu bem me dê a mão que eu vou te levar
Sem carro e sem medo pr'o guarda multar

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sensível etimologia


Leia com atenção:

sensibilidade
s. f.
1. Faculdade de sentir.
2. Irritabilidade.
3. Fig. Sentimento de humanidade, de compaixão.
4. Susceptibilidade!, disposição para ofender-se ou melindrar-se.
5. Fís. Grande precisão ou delicadeza em certos instrumentos, a qual os torna aptos para evidenciarem a menor alteração ou erro.


palavra
s. f.
1. Som articulado com uma significação.
2. Vocábulo.
3. Termo.
4. Permissão de falar.
5. Promessa verbal.
6. Afirmação.
7. Doutrina.
8. Fala.


Quem diz, diz mesmo?

Adoradores das duas escolas acima não andam se entendendo muito bem...

Há quem escolha “termo” ao invés de “susceptibilidade” , talvez por perceber que preferência pela forma logo aponta que a segunda opção não é tão formosa quanto os já tradicionais vocábulos bem cheirosos e queridos do grande e, nem tanto assim, respeitável público.

Trupe que, assim como em um picadeiro, faz de cada noite um espetáculo que lhe possa soar divertido tendo por base aquilo que desejam seus fiéis espectadores, e para quem sabe dessa maneira dormir com o eco dos aplausos necessários para se sentir mais especial.

Assim como no exemplo mambembe, o que muitos simplesmente não percebem é que os termos e as afirmações quase nunca estão matriculados na faculdade de sentir.

Palavras são só palavras e tal informação já deveria vir no manual do berço, seja no de ouro que reluz ou o comprado no crediário do suor.

Confesso que não foi fácil achar essa informação no Google mundano ou no SAC da vida, mas que a flor da pele me ensinou o suficiente.

Sendo assim, em tempos recentes cheguei a ponderar a chata possibilidade de preservar as palavras enjaulando a sensibilidade como o leão a levar chibatadas no meio do palco, mas o fato é que transbordar tudo que não couber mais na pequena lona dos dias é o enfrentamento de quem quer ir além de algumas chatas apresentações.

Talvez a irritabilidade por vezes ruja forte demais e forneça aquele espacinho que os idiotas necessitam para lhe enxergarem como um dos seus e bradarem isso aos quatro ventos.


Só que a diferença está na etimologia do caráter meu caro falador!


Quem fala por falar esperando flores causadas pelo medo de não ser especial não consegue enxergar a diferença entre se forjar um sentimento com verbetes escolhidos a dedo e de se dizer aquilo que se sente.

Independente do arrependimento posterior ou da falta de tato característica, quem leva essa doutrina do transbordo como filosofia de vida não vê motivos para se arrepender e deixa apenas que tudo siga naturalmente.

A vantagem nisso tudo é não ter de conviver com metáforas repetidas ou clichês que possam tornar a vida mais romântica, vendendo tristeza aos outros para comprar alegria.

Assim fica fácil de se enganar, é só acreditar na força da junção das letras como mantra de proteção aos sentimentos e... tchanam!!!

E quem não conhece alguém que deseja explicação para tudo e que usa tal artifício para construir seu castelo de negações sempre intransponível aos cegos – de raiva, amor, zêlo... – do sentir?

Ofender e melindrar pode ser a parte ruim de mostrar-se tão transparente aos julgamentos de quem lhe deseja como simples número do Circo do Dizer, mas posso afirmar que isso também lhe tornará apto para evidenciar a menor alteração ou erro no seu caminho.

Sei que na sociedade super saudável e translúcida em que vivemos não há muito espaço para esse tipo de comportamento, mais ainda assim prefiro ser eu o espectador da atuação dos meus sentimentos a ter que confiar em palavras que servem como maquiagem ou como pão que sustenta o saco vazio que não para em pé.

Nos dias de hoje tem razão quem primeiro diz sofrer ou quem corre para espalhar “a verdade” dos fatos, mas esse blá blá blá sincero só convence quem quer ser convencido em um ciclo de autocompaixão que não faço questão nenhuma de provar.

Aposto com o mais fervoroso dos incrédulos que muitas vezes as palavras lhe abandonaram e não levaram você a lugar algum e que o sentir jamais fez o mesmo.

Em textos ou em palavras ainda existem pessoas que sutilmente podem lhe oferecer correção ortográfica de um modo sutil e que evite vergonhas futuras , já a vida real não admite esperneios mimados em palavras repetidas ou promessas verbais vazias.


Quem já lhe fez se trancar como criança em um W.C qualquer por medo de enfrentá-lo?
Uma nova palavra ou um sentimento sufocado ?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sobre hienas


Todo mundo tem seus dias ruins certo?

Aquela manhã que o piso gelado espanta com louvor o pé adormecido e quase se cai logo no despertar.

Sem motivo aparente o ovo já está virado e até um bom dia lhe deixa indignado.

Ok, um dia vai lá, dois tudo bem, mas todo dia?!

Em casos assim ou se troca o piso ou se investe em meias felpudas meu caro.

Por mais motivos que o mundo pareça lhe dar não dá simplesmente pra levar a vida na pegada da velha hiena que reclama de tudo.

Você pode ter até razão em se sentir perdido em um planeta de vazios vaidosos ou de gente pequena não só no tamanho.

Mas e ai chapa?!

Se o mundo é assim, ficar bicudo por todos os dias não vai mudar nada e só transformará a sua vivência em fardo ruim de carregar.

Perceber isso já um bom começo pra não levar tão sério assim um diazinho cinza aqui e acolá que, meu velho, com certeza aparecerão.

Mas também há o outro lado do zé hiena ortodoxo...

Aquele que inconscientemente percebe que o bico não muda nada e que de maneira fugaz transforma cada coisinha banal em um festival de poesias repetidas.

Já disse antes e continuo a afirmar que vejo a vida como uma grande e contínua dança.

Bossas, cirandas e frevos são realmente empolgantes de serem dançados, só que boleros, fados e outros ritmos menos frenéticos também merecem uma curtição sem esse peso todo apontado pela turma do sorriso eterno.

Proporcionalmente é o que ocorre com quem gasta a vitrola da vida com tanta coisa repetida e metida a alegre que no fim das contas deve deixar até mais triste.

Tive amigos que saíram pra noite na mesma semana de falecimento do pai e outros que ficaram enclausurados por semanas pela morte do cachorro.

Coisa boa é aprender a não julgar a doideira alheia e acima de tudo cada um com seu melhoral.

Apenas
confesso que fico feliz em continuar no passinho do brasileiro flutuante que se dana pra opinião de jurado e não força nem o sorriso, muito menos o lamento, só dança conforme a música!


Forçar a agulha em ritmo falso é pular faixas do disco como se não fizessem parte dele.

Já pensou em dançar chá chá chá em um dia de chuva ou permitir um chamego da "down music" preferida em um belo dia de sol?

Pois é, quebrar o compasso pode ser mais divertido do que aparenta.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

No fim tudo é sussurro ou O cientista meia-boca. (Ponto final)


Como dar as caras ?


Foi como um menino apaixonado que jogou aos ares aquilo em que acreditava e passou a ser um dos fiéis daquilo que antes definia como covardia.

No coração havia se reencontrado com o pequeno que não se importava em emprestar seus brinquedos. Os dois, como velhos amigos birrentos, fizeram as pazes doando um pouco de si para o outro.

Mas como em toda análise cientifica, lembrou-se que era sua intenção, não poderia deixar de lado leis básicas como a que diz que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, e assim continuou a somar os fatos.

Aos seus olhos foi justamente essa regra básica que significava conflito que lhe deixou a ver navios e a ter a sua primeira desilusão em anos.

Perdera a paixão que parecia ser tão pulsante e nem com fortes gritos ecoantes buscando algo por trás das paredes teve seus brinquedos devolvidos.

Se rabiscada fosse em storyboard, a história agora teria o quadrinho da vez representado por um vulcão. Explosivo, pulsante , mas que como resultado só produzia uma imensa nuvem de fumaça...

Em suas velhas anotações, percebeu que o tempo havia lhe feito um mestre na arte de evitar embaraços que não pudesse resolver ou que lhe causassem aquele tédio proporcionado pela sensação de repetição causada pelas inúmeras vivências de sua era junkie.

Nada mais tinha graça e isso novamente voltava aos seus pensamentos ao tentar seguir até o fim a rota proposta na explicação deste seu novo flerte com o desprezo.

Desistiu ao apagar as luzes e perceber o quarto tão vazio como anos atrás, sem a presença da admiração pelo que achava ser a resposta e o apoio necessário para poder viver sem pensar.

A fuga escolhida foi repousar a cabeça sobre os braços, evitando notar a Lua, inspiração de poesia e que agora não lhe dizia mais nada.

Como bem sabia, não foram necessários muitos minutos para adormecer e sentir-se enfim acompanhado.

Ao seu lado o menino desapegado lhe sussurrava em doce tom de voz que sempre valieria a pena pagar para ver.

No outro , sentado ao pé da cama, o jovem pé na jaca apenas fumava, certamente pensando nos novos brinquedos perdidos.

Todos agora dormiam esperando as conversas dos próximos dias...




E qual deles primeiro daria a cara?
O pinguim ou o metralha?


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No fim é tudo sussurro - (Parte 1)



Ser crédulo demais é um grande problema, o grande Jéca sabia disso mais que ninguém.

Em um dia em que uma nova decepção lhe batia à porta, se dedicou a explicar o motivo do novo desapontamento deixando a pouca tristeza de lado e vendo tudo com olhos científicos.

Era viva a confusão de não entender o jogo dos humanos, em se dizer o que não deveria ser dito ou o que jamais poderia ser considerado como verdade.

Dos tempos de criança lembrava que não lhe importavam os brinquedos emprestados e que era forte seu choro no primeiro ano de pré-escola, onde só a possibilidade de falar com a mãe, fielmente posicionada por trás do muro, lhe aconchegava.

Aprendeu a partir daí que as devoluções de confiança não eram tão recíprocas e quase sempre respingavam no (não) retorno de seus brinquedos. Do mesmo modo também compreendeu que o artifício da mãe carinhosa não era levado assim tão ao pé da letra e que a única resposta que sempre recebera era a do seu próprio eco rebatido em paredes ásperas.

Destes tempos infantis ainda sentia viva a confusão de não entender o jogo dos humanos em se dizer o que não deveria ser dito ou profanar aquilo que jamais poderia ser considerado como verdade.

Ali era estrangeiro e as decepções sempre recaíam sobre os outros.

Em resposta às lições aprendidas, como um típico adolescente quase-problema encontrou na rebeldia a ferramenta perfeita para contestar tudo aquilo que lhe enojava no mundo ainda não compreendido.

Desligando o botão da compaixão responsável, viu o quanto foram boas as experiências lisérgicas em busca da experimentação sem rodeios daquilo que sua juventude poderia lhe oferecer.

Não pôde evitar. O esquecido vinil dos três acordes tocava novamente e lhe brindava como trilha sonora.

Tempo bom onde o egoísmo era xiita e lhe permitia moldar seus pensamentos sem maiores conseqüências. A única decepção possível era consigo mesmo e com isso lidava muito bem.

Mas assim como o disco preferido chegava ao fim, aqueles bons tempos seguiriam o mesmo caminho e a música fatalmente entrou na mudança.

Jéca lembrou que aos poucos os pés já não estavam enfiados na jaca e que lentamente buscavam abrigo em cima do muro. Nessa parte da história preferiu o papel de observador ao risco de errar o tom das novas canções propostas. Ser crédulo demais no mundo ainda alienígena continuava a ser arriscado.

Os anos que sucederam essa adaptação ao enfrentamento mais político do mundo foram os mais turbulentos e atingiam pavorosamente suas convicções.

O dia em que decidiu se deixar levar veio à tona claramente...

domingo, 9 de maio de 2010

Se orienta Klink!


Não sou eu que me navego , quem me navega é o mar!

Como andam os barquinhos perdidos pr ai?!

Muitas aventuras ao som daquela bossa velha ou qualquer coisa que lhe transmita paz?

Xiiiii...

Quem muito se apega à uma bossa dessa é capaz de sofrer demais quando o mar lhe cobrar ou lhe mostrar toda força.


Pense bem comigo meu chapa; navegar em barquinhos talhados à perfeição com rotas certas a seguir e fiéis marinheiros contratados no seu cangote é cômodo, mas não é o melhor que o mar pode lhe oferecer nem afudê!


Quem gosta de navegar sabe que às vezes ele nos pede uma oferendinha, e que só percebemos o quanto ganhamos em retribuição ao notar que elas carregavam as gramas exatas que tornavam tão lento o flutuar do bote.

Pra falar em tom de conselho prefiro me camuflar de psicólogo e ganhar uma boa grana dos inseguros de plantão e não é nada disso! Só posso afirmar que se sempre enxergasse as coisas dessa maneira, minhas viagens por mares negros, mortos e pouco atraentes pelos quais já enfiei a proa do meu "StalobaBoto" seriam muito mais aventureiras e recompensadoras que as do clã Klink inteiro.

O desapego de coisas que perderam seu peso deve ser total marujos, nada disso de preservar o pudor de soar como um Pirata do Caribe, um Capitão Gancho ou qualquer outro que não seja assim lá muito Crusoé das ideias.


Por mais fundo que seja o mar navegado, aquilo que não serve a ele ou pertença somente a você um dia retorna, como uma mensagem engarrafada e solitária ou tal qual um corpo opaco arrependido de um mergulho mal pensado.

Mesmo que furrecamente, há de se concordar com o sábio portuga que diz que viver não é preciso, navegar é que sim.

Só não me venha com gps pra tornar cada légua mais segura que isso é coisa de quem acha que é dono daquilo que não pode entender, aquele que vai com a maré procurando não sofrer.


Para esses a vitrola velha nunca deixará de gritar:
- Olha, o mar não tem cabelos que a gente possa agarrar...

domingo, 2 de maio de 2010

Passos ensaiados


Um passinho fora do ritmo chato e lá vem o jurado com a placa na mão.

Pô chapa, quantas vezes você já resmungou consigo mesmo, reclamando que lhe viam diferente do que de fato você é?


"Olha só, me acham tão casca dura assim?"

"Mas não sou nada disso, sou uma flor de pessoa... "

" Sou aquilo que qualquer um queria ter! "

É como ter a certeza de escrever certo por linhas tortas e de no fim ser lido mal por um mau entendedor.


Existem aqueles que piram com isso e aqueles que sabem que são o que são e que não há mal nenhum na sinceridade absurda de agir como se quer.

Não mentir para si mesmo para agradar é um ótimo começo para nunca ser julgado de maneira errada.


Esse mundão véio de guerra seria muito mais aconchegante se fosse formado por um esquadrão de porras-loucas desinteressados em querer ter para ser, em ser para aparecer e aparecer para se entreter.


A dança da vida envolve muito mais que lamentar os eventuais pisões na pontinha do pé e chorar para os amiguinhos os incômodos dos calos adquiridos.

Quem reclama do risco corrido em uma dança é porque nunca dançou, apenas quis conduzir o parceiro em uma tentativa gelada e fria - como um pinguim mesquinho - de ser a única estrela a brilhar no palco.

Tudo que vivemos é feito dança.
Se escolhemos uma valsa precisamos prestar atenção nos caminhos dos pés envolvidos e dos pares que dançam ao redor, se escolhemos a carreira solo é melhor que tenhamos coragem o suficiente de não reclamar da eventual solidão.

O que não dá mesmo é acompanhar gente que parece viver em um baile de máscaras por medo de ser assim tão fraca para mostrar a cara.

Na radiola pode rolar a música que quiser, só acho que vai aproveitar dela quem não precisar do júri alheio.


"Seja no tchan ou no sapateado
no maxixe ou no créu cumpadi

quem tem fé não perde o gingado

nao reclama do pisão que arde... "

sábado, 24 de abril de 2010

Provérbio Semanal.

.


Quem é vivo sempre aborrece.



.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Primeiro o Diabo...


Pensem o que quiserem, falem o que quiserem, classifiquem como quiserem...


Esse papinho de repetir as falas com amizades e amores antigos nunca foi realmente a minha.

Nunca fui de me entregar ou de entoar cantos de amor aos quatro cantos com a intenção de assim fortificá-los.


Não preciso disso.


Para alguém que samba com o compasso sempre descompassado a maldade da dança está na repetição, na reciclagem de um tipo raro de flor que já deve ter sido outra coisa e que agora se transforma em outra.

Essa reutilização toda de verbetes não basta para mim, hoje sei que um dia as máscaras caem, por mais formosos ou insistentes que sejam os atores, por mais que talvez eu também tenha buscado o teatro ( não aquele de R$500 mensais pago pelo papai, é claro...), mas sabe do que mais?

Porra, como eu me orgulho de não precisar disso para me sentir bem!

Não me traio em duas semanas para embalar meu ritmo no ritmo de alguém por dó de mim mesmo, não tenho o Q.i tão baixo ao ponto de desconsiderar intenções ou de precisar de um cão guia para me levar por ai sempre no papel de vítima dos “escrotos” que não pensam igual a mim.

Que peninha, que peninha, quanta peninha!

É um chororô típico de quem precisa de aprovação alheia para formar suas convicções. Lançar, liderar e ludibriar uma corja que siga exatamente a sua versão da ideia.

Seja no trabalho escolhido a dedo para pessoas que aceitam essa submissão ou na fraca vida de quem sempre terá um pontinho lá no fundo de curiosidade do que é viver de verdade; aquele que sabe e que gosta de bater, mas que quando apanha chama a doce e sempre querida babá...

E que também chama quem lhe considera como amigo como simples companhia infantil.

Lealdade realmente é algo que o dinheiro não ensina!

Quem nunca conheceu uma criança bonitinha que engana até a mãe com sua recorrente cara de “Eu?! Não fiz nada...”.
Talvez meu Joaquim seja assim um dia, mas não terá a complacência de um pai covarde. Quanto à mãe... espero que seja melhor nisso também.

Se eu chegasse ao ponto de querer, subvertia tudo isso aos meus pés com alguma poesia furada e metáforas de placas de caminhão. O problema é querer viver num mundo roxo por hematomas e não pelo cheiro de uma flor rara, porém pisoteada e cheia de merda pensando ser o poetão!

O fato é que tem perninha que sempre tremerá independente do absurdo que isso signifique para elas . Tal qual um coito aos fundos de um templo budista; absurdo, mas concretizável com um pouco mais de esforço.

Mas muita calma, charmosamente cambaleando lá vem o pequeno anjo...


Continuo a ferrar com o anjinho que me pede cada vez mais fundo para adentrar em seu coração, ou em qualquer outro "ão"...


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quem te rascunha?


Hey você ai que ainda fuça por aqui sem convite ou motivo aparente, escrevo aqui para alguém comum que talvez nunca entenda as meias palavras e o sambarilove característico de certos neologismos.

Pense comigo e em silêncio, ou cantarolando de cabeça para baixo, tente responder sem querer parecer muito culturet:


Para que admirar o swing nas palavras se quando a dança não serve o pisão no pé é providencial?

Por que se importar com as palavras quando os gestos sempre serão a melhor legenda?

Qual a graça de se travestir de poeta se a poesia só finge ( com G pô, com G! ) bater à sua porta quando finges ser outra pessoa?

Já reparou que uma colcha de retalhos alheios não forma nem bom texto muito menos um bom caráter?

Um filme indiano, iraniano ou francês só será bacana se você o entender e tirar algo dali ou apenas o status de CÚlt lhe interessa?

O mesmo servirá para as peças de teatro, músicas e anedotas em formas Hitchockianas, afinal, viver a arte é comprá-la em prestações ou vivê-la à vista se perdendo de vista?

Se toda arte pura tem um pé na marginalidade, o que a sua caminhada já lhe permitiu viver além da experimentação baseada no que o dinheiro pode lhe proporcionar?

Já preferiu a agressão de uma verdade à doçura de uma farsa bem montada?

Quem molda seus gostos? Os críticos, os antenados, os antenados nas críticas, a mídia dos antenados, os críticos da mídia antenada, os tweets ou algo que fuja desse blá blá blá?

Você se lembra de alguém lhe indicando sua cor preferida ?


Caso não tenha de fato entendido caçarola nenhuma do teor das interrogações jogadas por aqui e achado a loucura muito além da vista até agora, eu contente me despeço de você.

Sem peso, chororô, nem nheco nheco e balancê,

Apenas buscando uma certa leveza perdida nas dúvidas levantadas pelo exagero de rascunhos anoréxicos de razão ambulantes por ai.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Breve postagem


Sentei, parei ao ver a tela branca a me chamar e desanimei...

Quis falar sobre como as pessoas são facilmente substituíveis, sobre como os reencontros acontecem com tão ou mais freqüência que os novos.

Sobre como o tempo faz com que coisas bacanas se tornem nossos piores arrependimentos e sobre como olhamos com outros olhos atitudes apontadas como ruins no tempo em que foram cometidas.

Quem sabe assim entender como forjamos nosso destino e nossa felicidade engessados no comodismo que nos convêm.

Ter uma dica a mais, a partir das minhas palavras, sobre o mistério que faz com que as primeiras impressões realmente sejam sinceras em sua maioria.


Por que quando observamos sem sermos notados tudo fica mais natural, mais nú?


Nesse ponto me bateu aquela preguiça de quem sabe que reflexão alguma, por mais demorada que seja, vai fazer com que a futilidade e a vaidade sejam exterminadas dos serzinhos humanos que teimam em se acharem humanos.

Preferi ler qualquer baboseira mal escrita a ter que forçar a compreensão combalida e novamente tentar jogar poesia aos porcos.



Melhor que teorizar sempre foi botar pra viver,
sorrir por sorrir é tática de quem não sabe o que ser...
que o diga o Playmobil!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Canto da Poeusia Anônima


saltos maiores

dias em que se quer uma menina
__________________ dias em que se quer uma mulher
fácil amante clandestina
________________ladra sagaz de sua fé



há noites que um só peito já basta
________________outras, em trio vão melhor...
amores sem classes, nem castas
________________beijos em roxo- hardcore


a fúria se opõe à tristeza;
________________delírios do erro da vez
banquete de ranço posto à mesa
________________tão morta quanto fadada Inês


às vezes se quer uma menina,
_______________às vezes se quer uma mulher
em horas nem o poeta imagina,
_______________no fundo, o que realmente
quer

quarta-feira, 31 de março de 2010

Com a faca - ou a isca? - nos dentes


Sempre me disseram que a raiva é a grande irmã do arrependimento, como se as atitudes tomadas em seu berço fossem sempre indevidas ou impensadas.

Por osmose fui me adequando a tal filosofia.

Criado pra defender no braço tudo que reluzisse a ouro para mim, fui assim crescendo, achando que poderia levar o mundo no peito sem precisar do sangue no zóio tão criticado por todos.

Desde os tempos em que dançava a vida, considerava isso como uma doutrina de gente pálida se esforçando pra parecer compreensiva e acima da dura violência imposta pelo mundão.

Como ouvia Olho Seco, e não a porcaria dos Novos Baianos, achava tudo balela pra domar peão na ilusão do paz e amor. Seja bonzinho, ganhe um amor e alguns domingos na pizzaria com mulher e filhos enquanto durar o casamento.

Mas a zumbilândia é tão popular que te faz repensar certas coisas, é bom se sentir confortável e o comodismo é uma das drogas mais gostosas e viciantes que já experimentei ( abaixo apenas da gordura animal e do monóxido de carbono).

Controle daqui, controle dali e alguns momentos bem azeitados na tranquilidade não tão rotineira em momentos passados fortificaram ainda mais a intenção de ser quase um Dalai Lama.


“O monge que enfie o discurso bonitinho no chacra que quiser...”.


Não entro naquelas de que o mundo é um inimigo a ser batido e que somos vítimas de tudo, não mesmo! Apenas tenho convicção que uma raivinha providencial deve sim merecer um passeio quando necessário.

Que seja nas ruas do meu bairro, nas alamedas dos bacanas ou até na saudosa Bahia com suas inocentes companhias. Ela merece sim ser mostrada quando é somente ela o que se tem a oferecer; sem focinheira, sem lero lero, babando colorido na vontade de dilacerar o papinho mole de ser cordeirinho na vida pra ser bem visto por gente fraca.

Revolução em si mesmo e no mundo nunca será feita com autocompaixão ou sob a alcunha de conciliador de situações. A paz e a calmaria só funcionam se sua adoção representar forte decisão, pacifismo é até um protesto válido desde que não seja passivo.


A faca nos dentes, para passar o mel ou encarar cangaceiros de ideias furadas é sempre uma boa pedida.




Na prisão ou na rua, lobo que uiva não tem medo da Lua!



quinta-feira, 25 de março de 2010

As flores de plástico não morrem


E assim, confuso pelo cheiro real e o forjado, começavam os últimos capítulos da doce história.

Não havia mais tempo para comparações ou julgamentos. Joca estava cansado e a flor não produzia mais nada que lhe fosse natural.

A poesia agora era aritmética e não provia apenas a glória das somas. Tudo era divisão e subtração; as operações mais fatigantes desse mundo.

Em meio à anunciação de que os caprichos eram espinhos e que as intuições da derrota prévia eram verdadeiras existiam bons momentos entre eles, já que o toque e a textura da flor já não soavam como únicas para seu agricultor.

A dedicação e o empenho dele, aos olhos da Flor, nunca foram únicos de fato e desde sempre ocuparam lugar reservado às desconfianças e sumiços repentinos.

Não havia naquele homem nada que pudesse suprir as necessidades de uma vida de luxo cercada de flores e cravos beneficiados com o glamour e as posses de terra.


Não demorou para que a flor com a ajuda dos quatro ventos espalhasse ao mundo o seu descontentamento e o quanto era relapso aquele que tinha sido seu bem querer. Lealdade não era palavra conhecida em seu dicionário, tanto quanto paciência não constava nos verbetes conhecidos por Joaquim.



A flor queria luxo, queria ser a princesa que não era!


O rapaz desejava conforto e uma princesa que não tinha!


Esse era o conflito que rapidamente foi resolvido com a volta às normalidades da vida pregressa de ambos.

Nas ruas hoje podemos ver a flor a lançar seus encantos a todos aqueles que tiverem paciência para a dança do cultivo e o agora empenhado Joaquim a ter certeza de suas convicções fortificadas em um balcão de um bar.

Tempos atrás, em tempos de saudades sentidas, chegaram a trocar cartas em busca de segredos sobre si mesmos.

A brutal sinceridade de um e os erros gritantes de escrita e interpretação de outro não deixaram duvidas: o encanto se quebrara em favos de mel, levando toda a cor de uma finita história.


“As flores de plástico não morrem,
simplesmente não nascem”

quarta-feira, 10 de março de 2010

Flor, e o Joca?





Era necessário rendição para mantê-la ali. Ou se aprendia a lição ou tudo poderia ser como ela quisesse.



Em crise de identidade e sem saber ao certo o que fazer com a preciosidade que tinha em mãos nosso Joaquim passou a perceber coisas que não se encaixavam no perímetro oferecido pelo belo vaso que abrigava a personagem cheirosa da história.

A flor mudava suas formas, deixando cada vez mais sua delicadeza de caráter deficiente menos real.

Aos poucos as exigências foram tomando conta de seu crescer e com isso deixavam insustentável a leveza do contato inicial entre os dois.

A beleza e o aroma ainda estavam lá, mas se sentir na obrigação de ser o único responsável por algo que nunca lhe foi claro rendia ao dono da flor muito mais preocupações que prazer.

Não existia mais compreensão entre o casal formado.

Afirmação confirmada com o tamanho cada vez maior dos vasos ocupados.
O que antes era segurança e proximidade havia se fantasiado de liberdade em canteiros cada vez maiores e libertos.

Esperta como era de sua espécie, a rara donzela não perdoava fraquezas daquele que lhe regava. Impunha horários, regras e maneiras em todas as ocasiões que tivesse oportunidade de fazê-lo, chegava a murchar se o zelo oferecido não fosse ao encontro de seu bel-prazer.

Em certa oportunidade, por ordem de seu capricho, abandonou seu canteiro com a ironia de quem sustenta o clamor de inocência em seus atos, viajando milhas para que o incrédulo Joca percebesse que poderia sair dali a hora que quisesse.


O sorriso estampado na face e as ofensas merecidas no bolso não contavam com a correção que o rápido resgate representava.

Era necessário rendição para mantê-la ali. Ou se aprendia a lição ou tudo poderia ser como ela quisesse.

Não era mais a flor a ser regada, inverteram-se os papéis sem aviso prévio.

Estava ali era o homem a ser talhado. Sem perceber necessitava de cada vez mais demonstrações da autenticidade de tudo, como fosse o soro de sua forçada fotossíntese.

Na ilha das ideologias apenas teimava não perceber que a valentia de aceitar condições não mais competia com sua recorrente falha em calcular os riscos.

Estava sendo engolido pelas certezas que negou e cada vez mais infectado pelo aroma subvertido à enxofre que o belo exemplar agora lhe oferecia...





“Nem tudo que é belo cheira bem
O belo é só o belo,
O cheiro sempre transborda de alguém.”

segunda-feira, 8 de março de 2010

E a flor Joca?

Era a própria contradição fugaz da natureza flagrada por poucos instantes


Joca andava falhando demais e já não era esperto o suficiente para calcular seus riscos.

Era mais um exemplo de quem se vê errado no mundo e preguiçosamente tenta se adequar aos seus caprichos.

Foi assim, com preguiça, que resolveu ser hora de se dedicar às flores, assim como todos já faziam há tempos.

Em meio a tantas espécies raras e mais atraentes aos seus olhos, optou por aquela que mais lhe chamara a atenção, guiado ferozmente pela estranheza que a aparente delicadeza lhe causava.

Flor roxa, de contornos estreitos e imensa facilidade de abrigar o canteiro de quase todos seus interessados, mas que lhes negava seu florescer ao raramente sobreviver à chegada da Primavera.


Como bom avoado Joaquim nunca soube definir se sua escolha havia se dado por pressa ou pelo desafio de ser ele o único capaz de possuir pela primeira vez a riqueza total de seu aroma.

O fato é que estava decidido: não utilizaria nenhum componente que burlasse a natureza da flor, conhece-la ao fundo seria primordial para seu sucesso e só assim se sentiria pleno de sua opção e de sua vitória.

E assim foi.

Sempre interessado em triunfar fez bico para quem dizia que a espécie requisitada era, digamos assim, delicadamente fora de suas expectativas. E mesmo com a negativa de seu instinto que lhe dizia a todo o momento que tal esforço não seria válido, foi em frente.

Tal como recompensa o zig zag dos ponteiros concretizou seus planos e antes do que esperava ali estava a flor nos moldes soprados por seus sonhos.


Contente um imenso vazio agora batia em seu peito...




"A ironia sempre faz morada nas entrelinhas, sejam tortas ou mal escritas... "


sexta-feira, 5 de março de 2010

Um lero com Angenor


Salve Xerém! Salve Itaquera! Salve Moema?! Santo Angenor do céu, por que tudo não é feito o subúrbio?!

Já andei por ruas floridas em áreas afastadas e em privilegiados planaltos paulistas, assim consigo concluir que algo de errado se encontra na alma dos habitantes do topo dessa pirâmide tão torta.

O papo não é nem o dinheiro, isso vem de berços lapidados bem antes do nascimento de qualquer Zé Mané e considerá-lo como pecado original é tão idiota quanto considerá-lo como vantagem.


Mas olha lá, não é que um cifrãozinho a mais muda a cabeça mole de um caboclo?!


E como no Brasilzão velho de guerra tudo é caricatura, não posso negar meus rabiscos aqui.


Creio que a experiência de convívio com pessoas reais, com dificuldades reais ao menos, não se faz por completo em lugares que não se conhece nem o vizinho. Em gaiolas high-tech os novos membros desse estilo de vida crescem sem ter a noção do que se passa em sua volta e acabam definindo tudo pela estética do momento.


Quer um exemplo?


Enquanto Itaquera tem seu reggae na rua como maneira de lazer aos seus, Perdizes tem "rastas" engajados em parecerem cada vez mais roots com a verba vinda de pais descompromissados.

O gueto propõe consciência e diversão, no burgo quem sabe você não consiga arrendar um sítio e por lá viver na ilusão de garoto branco africano...



Entenderam a pegada? São dois opostos, um ilusório e outro carente de estrutura.


O meu subúrbio é mais flutuante, paira sobre o que se quer ser e se concentra mais no que se é, como se as coisas parecessem mais com o que deveriam ser .

Conhecer todos seus vizinhos, saber o nome de quem lhe vende pão pelas manhãs e principalmente: saber conjugar o verbo respeitar desde muito cedo.Pode parecer balela defensiva, mas há boa dose de poesia nisso.

Pensar, calcular, analisar, premeditar, se defender....


Todos nós fazemos isso em um ambiente estranho que não nos pertence. Imagino e entendo os anseios pessoais do burguês e do mano correria; um na ilusão do querer ser e outro no desejo de se mostrar. Agora negar o desprezo a quem se monta na vida, isso não posso fazer.

Cá no subúrbio também temos nossos anseios, mas sempre ali com uma pézinho em cima do muro. Ninguém pende para um lado completamente.


Não clamamos tanto pela pomba branca da paz e nem precisamos dos gorjeios de um passarinho azul para provar que fazemos parte da SBPA (sociedade burguesa da produção de arte).


E olha só, achamos mais um exemplo do quão raso é esse universo :


O mundo tende a capitalizar tudo que for alvo de deslumbre do ser humano, a arte como tal vem engatada nesse contexto. Nêgo paga 500 malandros pra fazer teatro por mês, mas não percebe que a intervenção proposta sempre foi a subversão social; e assim nasce uma atriz para a grande SBPA.


Em termos parecidos temos os músicos por glamour , donos de estúdios particulares e tietes descabeçadas, imitando dolorosamente o que é feito em contextos reais. Gente que diz gostar de samba, mas que não sabe o que é o samba!
E nesse compasso eles vão seguindo, no falso embalo de fingir não estar fingindo, acreditando que realmente não são enganadores de si mesmos.


"Ah Angenor, se todos eles soubessem que arte pura só com um pé na pura marginalidade."


Nós que temos vizinhos com nomes e que vemos o caminhar confiante de zumbis travestidos sabemos que tudo não passa de lorota. Quem não quer se sentir culto ou correto? Todos queremos.

Entendo isso como quem entende o desejo pelo pote de ouro daquele que não tem um vintém, mas estes podem ser conquistados de qualquer maneira.

Originalidade no pensar já é outra coisa. Necessita de desapego e falta de vaidade. Só assim para se entender que uma alma pequena é sempre uma alma pequena. Seja em Itaquera ou em Moema.

A parte nobre da cidade cada vez mais sorri amarelo.

.

Saudações especiais aos rastas paitrocinados, aos descolados efusivos de 143 caracteres e principalmente aos que sabem que quem possui os brinquedos mais caros nem sempre brinca melhor!

"Nem do gueto nem do burgo, o topo do Brasil sempre foi lá no meu subúrbio"

segunda-feira, 1 de março de 2010

Que macaco ser?



Fechando a tríade

Quem lê os dois últimos textos deve achar que tudo que faço é lamentar e que sinto orgulho imenso do cricricrismo.


Acontece que a vida não é feita de flores e lamento lhes dizer, mas você também terá dias ruins.


O pior de tudo é não estar pronto para estes, achar que tudo é florido se você quiser e que qualquer otimismo tolo fará com que os passarinhos voltem a cantar ao pé do ouvido.


Conheço muitos que pensam assim, eu quis pensar e consegui o quanto pude.




" Calma lá, tudo se encaixa ! ", diz o entusiasta.


- Só se for a saroba na sua tarracha!



Desagradavelmente se aprende que a merda do orgulho é necessária, que os punhos devem estar cerrados sempre quando se é um plebeu de fé e que nada, nem ninguém, poderá dizer que você está errado se a autenticidade estiver sempre presente.





Hoje em dia vejo muitos optarem pelo caminho da aceitação, ser bonzinho demais está na moda entre os vazios. Todo aquele que aparenta ser cabeça e repleto de compreensão para mim soa cada vez pior.




"Eu quero é tocar corneta o mais alto que puder, seja meu ranço fruto da vida ou de uma mulher"




Quando digo que prefiro ser ranzinza quero dizer que bater palma pra aprovar coisas ruins só se for em auditório de TV. Na vida se não se cobra o vizinho, o cobrado sempre é você. E o pior de tudo é que as cobranças em sua maioria são feitas pela caxola, a consciência que não dorme nunca...




Não é ser bicho do mato com feroz instinto de imposição. Ceder faz parte do bom convívio já que o mundo não é feito apenas das nossas verdades, mas acredito fielmente na lealdade a si mesmo. Essa sim verdadeira e, com ou sem poesia, libertadora.




Viver reparando nas coisas que lhe desagradam pode virar algo incontrolável, viver sorrindo pode ser desesperador; o fato é que a vida não é só graça, o fato é que a vida não é só dor.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ranzinzas do mundo, uni-vos!




Por muito tempo venho me rendendo à alcunha de ranzinza.



Aquele cara que põe obstáculos frente a situações que poderiam ser mais prazerosas e que se mostra intolerante perante outras tantas.



Confesso que sou exigente com relação ao que tomará parte de meu tempo, não me obrigo a aceitar merreca para me sentir aceito ou descoladinho.



Sempre foi assim; nunca perdi o rumo das minhas convicções e sei exatamente o que me faz bem e o que me agrada nas pessoas e nas situações.


Experimentei tudo que quis, desde as faculdades que comecei e que parei, até toda aquela lisergia da autodestruição, do punk rock sujo, da pinga barata e das brigas casuais.



Mas ai chega o tempo e suas decepções fazendo com que a rendição aos gostos comuns sejam mais prováveis e que você perca aquele gosto quase primitivo de bater e no peito e dizer: " Esse sou eu, caralho!"



E é justamente sobre isso que tento escrever aqui, já que não sou egocêntrico ao ponto de achar que meus anseios ou que o roteiro da minha vida sejam objetos de leitura interessantes.



Portanto se quiser começar a ler daqui não perderá nada!



Acho que o baque começa quando você se vê sozinho na sua caminhada. O mundão é forte demais pra não envergar no meio quem tem que ir à luta por um lugarzinho mais perto do Sol.Muitas coisas mudam e as convicções passam a ser questionadas em busca de uma postura que seja mais forte e equilibrada.


Uns chamam essa mudança de humildade, eu chamo de necessidade.


Necessidade de aproveitar ao máximo as possibilidades, mesmo que isso seja, a grosso modo, se adequar ao papel que o mundo espera de você. Eu como suburbano que sou, e agradeço por isso acreditem, fui atrás de uma profissão e de um curso superior. Por uma, duas, três vezes...


E ai vem toda crise meu chapa!


Toda aquela autenticidade agora tem de ser domada para melhor servi-lo, é um zig zag tamanho pra achar graça no mundo real. Comecei, e acho que isso deva acontecer muito por ai, a tentar ser mais compreensivo para não sofrer tanto. Já que o caminho não era ainda o mais agradável que fosse menos pior.


Uns chamam isso de maturidade, eu chamo de bobagem.



Evitei por muitas vezes dizer o que pensava em nome desse crescimento tão necessário para quem sempre pensou querer provar do mel e do fel. Mas hoje amiguinhos que me entendem, e os que procuram a tecla sap na tela, sei muito bem que eu quero mais é o fel. O mel me enjoa demais. O doce do mel é forjado. E tudo que é forjado não presta, não se encaixa no modo ranzinza que eu tanto procuro nas pessoas.



"Mel lambuza, mas dá uma tremenda congestão!"


Ser ranzinza é não se curvar perante a ditadura da maioria, é não sorrir se não gostar, é não buscar ser sociável em troca de migalhas. Não confunda com a tal pose de rude fingido que tenta a todo custo se tornar personagem acolhido pelo humor sempre ácido, isso pra mim é carência mal resolvida entre quatro paredes, e também não me serve...



Perdi as contas das vezes que perdi a doce oportunidade de mandar alguém à merda por pensar estar errado, por achar que deveria ser mais sublime com os outros e colaborar com a tão falada andragogia.


Mas sabe qual é a real?


Quero é estar cercados de ranzinzas reais!


Pessoas que não temam dar a cara à tapa mesmo se o passado for condenável, o instinto egoísta e a poesia baseada naquilo que não se vive nas asas da burguesia. E como a burguesia não combina com a poesia!


Rima por rima a burguesia se adequa muito mais à andragogia, aquele verbete falido levado a sério apenas por senhores corporativos semi-deuses que acham que aprendizado está em se tornar alguém que chegue aos 30 trocando horas de convívio com seus filhos por horas extras. Cansei de pessoas assim.


Na dança da minha vida quero gente assim, que possa escutar uma música sem a preocupação dos medíocres em escutar a música certa , que não queira a razão em cada arranca rabo que surgir em meio aos pisões no pé e que principalmente não precisem expôr suas opiniões pessoais de maneira rasteira para conseguir crédito de suas verdades na praça.


Aliás a delícia da minha vida sempre foi e sempre será mijar nessa praça dos tolos; bater no peito, encher os pulmões esfumaçados e soltar um sonoro e saboroso: "Esse sou eu, caralho!"


Ranzinza até os ossos!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Estalinho, estalão!


Precisar de uma grande decepção ou da confirmação da inutilidade da quebra de um paradigma é muitas vezes combustível necessário para o surgimento de um caminho verdadeiro.

Sempre encarei momentos assim com a dedicação de alguém que sabe onde quer chegar e que propõe a si mesmo não se tornar caricatura fácil e efusiva somente pelo prêmio de uma falsa aceitação.

Muito complicado ou subjetivo?!

Pois bem, dou uma mastigada com classe:

Quantas vezes você foi contra algo que considerava certo em busca de crescimento, experiência ou boa ventura simplesmente pelo desejo de ser alguém melhor ou de dar a si mesmo a oportunidade de sentir-se enganado uma vez ?

Aquela comida com cara de pneu, o trabalho com ares de "empresalóidismo bajulatório" , a menina temperamental sem tempero, o neologismo preguiçoso...

Todos merecem a desgustação quando se quer arriscar e podem sim serem capazes de surpreender o mais cético dos ranzinzas; para o bem ou para o mal.

Mas...

A comida feia pode sim ser horrível, o trabalho babaca tem chances de ser altamente desprezível, a menina a quem se confia os riscos de um amor não necessariamente será digna de boas lembranças e, provavelmente, a preguiça dependerá de sorte para ser considerada brilhante.

Se sentir confortável ou empolgadinho demais com tais tentativas só torna o acaso mais constrangedor perante a possível futura broxada, contribuindo assim para uma tempestade de neuroses e traumas desnecessários em uma vida que exige cada vez mais dedicação aos raros minutos proveitosos.

O doce de tudo isso é saber que os calos podem ser aliados e fortalecer ainda mais convicções antes apontadas como caretas demais por quem não pensa como você.

Morda a gororoba ou a menina com o tesão que quiser, mas lembre-se sempre que o sal de fruta pentelho pode ser providencial...