
Joca andava falhando demais e já não era esperto o suficiente para calcular seus riscos.
Era mais um exemplo de quem se vê errado no mundo e preguiçosamente tenta se adequar aos seus caprichos.
Foi assim, com preguiça, que resolveu ser hora de se dedicar às flores, assim como todos já faziam há tempos.
Em meio a tantas espécies raras e mais atraentes aos seus olhos, optou por aquela que mais lhe chamara a atenção, guiado ferozmente pela estranheza que a aparente delicadeza lhe causava.
Flor roxa, de contornos estreitos e imensa facilidade de abrigar o canteiro de quase todos seus interessados, mas que lhes negava seu florescer ao raramente sobreviver à chegada da Primavera.
Como bom avoado Joaquim nunca soube definir se sua escolha havia se dado por pressa ou pelo desafio de ser ele o único capaz de possuir pela primeira vez a riqueza total de seu aroma.
O fato é que estava decidido: não utilizaria nenhum componente que burlasse a natureza da flor, conhece-la ao fundo seria primordial para seu sucesso e só assim se sentiria pleno de sua opção e de sua vitória.
E assim foi.
Sempre interessado em triunfar fez bico para quem dizia que a espécie requisitada era, digamos assim, delicadamente fora de suas expectativas. E mesmo com a negativa de seu instinto que lhe dizia a todo o momento que tal esforço não seria válido, foi em frente.
Tal como recompensa o zig zag dos ponteiros concretizou seus planos e antes do que esperava ali estava a flor nos moldes soprados por seus sonhos.
Contente um imenso vazio agora batia em seu peito...
"A ironia sempre faz morada nas entrelinhas, sejam tortas ou mal escritas... "
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