quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sem gelo, por favor

Apague o cigarro, pare um minuto de criticar a roupa da colega de sala ou simplesmente tente entender por boa vontade.


Depois de chegar nos 20 e poucos anos as coisas ficam bem diferentes .


Os ensinamentos da adolescência junto à rotina das responsabilidades parecem nos jogar nas velhas forminhas de gelo guardadas em qualquer congelador que se preze; para sair só com um baita choque térmico e um tremendo susto nas estruturas.


Tudo soa tão frio e encaixado que qualquer possibilidade de participar de um belo e saboroso drink é trocada pela afável companhia dos cubinhos ajeitados.


Oka, oka, a vida cobra algumas mudanças e não dá para sustentar por muito tempo a atitude róqui in roul que enfeita os bons tempos de despreocupação e que faz de cada um de nós um James Dean em potencial.



Mas péra lá! O day after da alegria total tem de ser sempre a ressaca moral?!



As pessoas que vejo hoje são bem diferentes daquelas que conheci em tempos menos responsáveis.


Em algum ponto dessa história foram tomadas pelos pudores, expectativas e comportamentos impostos por quem acha que padronizar é sempre a saída. Em alguma encruzilhada da caminhada se tornaram apenas mais um despachinho nesse mundo cão, tão pálidos que nem Exú aceita!


O lero da revoltinha contra o sistema e o clássico “vâmo botá pra fudê” sempre vão fazer parte da minha retórica retrógrada, mas não falo disso. Falo basicamente do quão covarde podemos ser.


Já vi nêgo artista trocar o spray pela gravata só pra estar ali no meio da muvuca dos conformados e já vi engravatado brincando de ser puro porque os conformados sempre bancarão desfrutes como esse.



Parou! Parou! Parou! Sacou a piada infame?



Não adianta aceitar o karma, se jogar lá pelos lados dos iceberg´s em busca de trabalho, aceitando gente que acha que entende das complicações de uma vida tipicamente suburbana e brasileira e que tráz consigo soluções interessantes para o bem-estar alheio.


Escrevo e vivo para os meus, por vivência ou coração, e em cada documento maculado aqui no Word tudo que me interessa é dizer que não adianta!


Não é guerra de classes, nem uma cruzada contra os malvados do vintém, a crise toda só começa quando você não se sente bem consigo mesmo e dá o braço a torcer ao que dizem lhe fazer bem.


Afinal, um pouquinho de gelo na forma todo mundo tem, eu, você e o seu patrão também, mas para e pensa no que lhe convém, sem fazer escarcéu e sem limitar o “além”.


Ai sim, depois de ter tempo necessário para reparar nas rimas, e na levada, da vida é que qualquer escolha se tornará a receita do seu drink.


Sem crise hermano, o barco às vezes vira e a maré pode fazer de qualquer canoa furada um iate caprichado, só não se afogue na ideia de que só existe um caminho a seguir.



A fonte que faz o mar grande todo feito para navegar

mesma que entre formas pequenas se permite congelar...