quinta-feira, 12 de junho de 2008

Breve longa história.


Uma coisa hoje me deixou abismado com a capacidade de ferir ao outro do homem.

Explico:

Minha rua em breve será transformada em avenida, as obras já começaram e tratores gigantes escavam uma antiga praça. Montes de terra tomaram conta do local, maiores que os próprios tratores.

Da janela e com febre achei o melhor passatempo da tarde admirar o constante vai e vêm dos caminhões e das outras diversas máquinas necessárias para se destruir minha antiga vista.

Já estamos em período de férias escolares, um grande terreno livre e sem fios é um atrativo e tanto para que as pipas tomem conta do céu e da rotina dos meninos da favela próxima.

Favela esta que será “remanejada” por não fazer parte dos planos dos engenheiros da cidade.

O que acontece é que para o azar de nosso personagem central, um menino pequeno com aproximadamente 8 anos, sua pipa foi cortada e lançada aos pés de uma das montanhas de barro que se localizavam no terreno privado responsável pelo início da escavação.

Ao pedir sua pipa de volta foi tratado com imenso desdém de alguém que não pode ser considerado de grande valor. Insultos foram utilizados aos montes, ameaças pelo vão do grande portão também.

Não resisti, fui de encontro ao cachecol de meu pai e da primeira touca que encontrei como se fossem a capa do Super Homem, necessárias para combater o frio e a cena que presenciava.

Algumas palavras trocadas e nada da pipa voltar para seu antigo dono, totalmente desnecessária a atitude de homens que provavelmente tiveram momentos assim em sua infância.

Fim da história que deveria ser breve...

Senti-me quase que na obrigação de comprar outro simples brinquedo.
Essa hora nosso legitimo caçador de pipas deve estar por aí atrás de alguma outra pipa já perdida...

Muitas telhas já foram quebradas em casa devido a essa disputa pelos céus do terreno, mas não entender uma brincadeira de criança e quase matá-la com os olhos é demais para mim.



Na Radiola: Zabomba - Soltando os pés na areia.

2 comentários:

Aline disse...

Como sempre te digo: tenho sério problema em comentar em blogs.

Nunca acho que me expressei direito, é estranho comentar algo que não é seu...

Com o maior dos esforços, digo que o mundo anda muito endurecido, há tanta poesia perdida , tanta sensibilidade transformada em cascas e, como você disse tão bem, tantas coisas perdidas pela pressa de se chegar em casa. O pior é saber que já me incluo nisso, deixo, muitas vezes, a burocracia das coisas me levar, meu colorido anda meio cinza...

Preciso de uma pipa, já!

Rapha disse...

Nossa não tem nem como comentar
Gostei da "Breve longa história"
Perfeita *-*

tenho que voltar e atualizar meu blog tbm
Ótima semana
;*