segunda-feira, 8 de março de 2010

E a flor Joca?

Era a própria contradição fugaz da natureza flagrada por poucos instantes


Joca andava falhando demais e já não era esperto o suficiente para calcular seus riscos.

Era mais um exemplo de quem se vê errado no mundo e preguiçosamente tenta se adequar aos seus caprichos.

Foi assim, com preguiça, que resolveu ser hora de se dedicar às flores, assim como todos já faziam há tempos.

Em meio a tantas espécies raras e mais atraentes aos seus olhos, optou por aquela que mais lhe chamara a atenção, guiado ferozmente pela estranheza que a aparente delicadeza lhe causava.

Flor roxa, de contornos estreitos e imensa facilidade de abrigar o canteiro de quase todos seus interessados, mas que lhes negava seu florescer ao raramente sobreviver à chegada da Primavera.


Como bom avoado Joaquim nunca soube definir se sua escolha havia se dado por pressa ou pelo desafio de ser ele o único capaz de possuir pela primeira vez a riqueza total de seu aroma.

O fato é que estava decidido: não utilizaria nenhum componente que burlasse a natureza da flor, conhece-la ao fundo seria primordial para seu sucesso e só assim se sentiria pleno de sua opção e de sua vitória.

E assim foi.

Sempre interessado em triunfar fez bico para quem dizia que a espécie requisitada era, digamos assim, delicadamente fora de suas expectativas. E mesmo com a negativa de seu instinto que lhe dizia a todo o momento que tal esforço não seria válido, foi em frente.

Tal como recompensa o zig zag dos ponteiros concretizou seus planos e antes do que esperava ali estava a flor nos moldes soprados por seus sonhos.


Contente um imenso vazio agora batia em seu peito...




"A ironia sempre faz morada nas entrelinhas, sejam tortas ou mal escritas... "


Nenhum comentário: