quinta-feira, 25 de março de 2010

As flores de plástico não morrem


E assim, confuso pelo cheiro real e o forjado, começavam os últimos capítulos da doce história.

Não havia mais tempo para comparações ou julgamentos. Joca estava cansado e a flor não produzia mais nada que lhe fosse natural.

A poesia agora era aritmética e não provia apenas a glória das somas. Tudo era divisão e subtração; as operações mais fatigantes desse mundo.

Em meio à anunciação de que os caprichos eram espinhos e que as intuições da derrota prévia eram verdadeiras existiam bons momentos entre eles, já que o toque e a textura da flor já não soavam como únicas para seu agricultor.

A dedicação e o empenho dele, aos olhos da Flor, nunca foram únicos de fato e desde sempre ocuparam lugar reservado às desconfianças e sumiços repentinos.

Não havia naquele homem nada que pudesse suprir as necessidades de uma vida de luxo cercada de flores e cravos beneficiados com o glamour e as posses de terra.


Não demorou para que a flor com a ajuda dos quatro ventos espalhasse ao mundo o seu descontentamento e o quanto era relapso aquele que tinha sido seu bem querer. Lealdade não era palavra conhecida em seu dicionário, tanto quanto paciência não constava nos verbetes conhecidos por Joaquim.



A flor queria luxo, queria ser a princesa que não era!


O rapaz desejava conforto e uma princesa que não tinha!


Esse era o conflito que rapidamente foi resolvido com a volta às normalidades da vida pregressa de ambos.

Nas ruas hoje podemos ver a flor a lançar seus encantos a todos aqueles que tiverem paciência para a dança do cultivo e o agora empenhado Joaquim a ter certeza de suas convicções fortificadas em um balcão de um bar.

Tempos atrás, em tempos de saudades sentidas, chegaram a trocar cartas em busca de segredos sobre si mesmos.

A brutal sinceridade de um e os erros gritantes de escrita e interpretação de outro não deixaram duvidas: o encanto se quebrara em favos de mel, levando toda a cor de uma finita história.


“As flores de plástico não morrem,
simplesmente não nascem”

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