domingo, 2 de maio de 2010

Passos ensaiados


Um passinho fora do ritmo chato e lá vem o jurado com a placa na mão.

Pô chapa, quantas vezes você já resmungou consigo mesmo, reclamando que lhe viam diferente do que de fato você é?


"Olha só, me acham tão casca dura assim?"

"Mas não sou nada disso, sou uma flor de pessoa... "

" Sou aquilo que qualquer um queria ter! "

É como ter a certeza de escrever certo por linhas tortas e de no fim ser lido mal por um mau entendedor.


Existem aqueles que piram com isso e aqueles que sabem que são o que são e que não há mal nenhum na sinceridade absurda de agir como se quer.

Não mentir para si mesmo para agradar é um ótimo começo para nunca ser julgado de maneira errada.


Esse mundão véio de guerra seria muito mais aconchegante se fosse formado por um esquadrão de porras-loucas desinteressados em querer ter para ser, em ser para aparecer e aparecer para se entreter.


A dança da vida envolve muito mais que lamentar os eventuais pisões na pontinha do pé e chorar para os amiguinhos os incômodos dos calos adquiridos.

Quem reclama do risco corrido em uma dança é porque nunca dançou, apenas quis conduzir o parceiro em uma tentativa gelada e fria - como um pinguim mesquinho - de ser a única estrela a brilhar no palco.

Tudo que vivemos é feito dança.
Se escolhemos uma valsa precisamos prestar atenção nos caminhos dos pés envolvidos e dos pares que dançam ao redor, se escolhemos a carreira solo é melhor que tenhamos coragem o suficiente de não reclamar da eventual solidão.

O que não dá mesmo é acompanhar gente que parece viver em um baile de máscaras por medo de ser assim tão fraca para mostrar a cara.

Na radiola pode rolar a música que quiser, só acho que vai aproveitar dela quem não precisar do júri alheio.


"Seja no tchan ou no sapateado
no maxixe ou no créu cumpadi

quem tem fé não perde o gingado

nao reclama do pisão que arde... "

6 comentários:

Unknown disse...

Venha bailar comigo nessa dança...

Anônimo disse...

na hora certa, momento certo, esclarecedor eu diria viu!!!!boa pofreta!!!rsrsrs

Thatiane Ferrari disse...

Continue bailando com o seu par. A observação de longe é uma dádiva que carrego.

Anônimo disse...

adorei o momento dançante!

Anônimo disse...

Bonito texto!
Palavras polidas!
Bom conjunto!
Pena que exprima tão pouco da realidade! Ou melhor, pena que exprima de maneira tão rasa a vida e a complexidade de suas relações!
Dançar é permitir que o ritmo do parceiro seja o seu também, é compartilhar seu balanço, é escutar a música como a vida. É sentir o que não se vê e não se ouve.
Só é possível dançar na entrega, parte é renúncia, parte contribuição... doação!
Porém, aos cegos, renúncias são máscaras, justamente por não enxergarem a lógica primeira do amor: encontrar sua felicidade na felicidade do outro, renunciando e doando, como na dança!
Pensemos então!

Marcelo Mariano Melo disse...

Salve, salve!
Agradeço comentário tão detalhado e raro por aqui Sr. Anônimo Camarada.

Quanto às palavras ditas, não vejo onde o texto discorda de seu ponto de vista exposto por aqui.

Conduzir e renunciar não necessariamente necessitam do contraponto da indução e do estrelismo que tanto observo por aí para se tornarem viáveis.

As máscaras não estão nas escolhas, estão naquilo que ultimamente as motiva.

Que ao meu modo de ver são apenas baseadas na estética e na importância demasiada dada ao que é considerado senso comum.

Antes um cego com suíngue a um atirador de elite sem remelexo.

Sacastes?